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EFEMÉRIDES

Aconteceu a 13 de novembro de 1460



Morte do Infante D. Henrique

A 13 de novembro de 1460, morre, em Sagres, onde fundara a sua escola náutica1, o Infante Dom Henrique de Avis, 1.º duque de Viseu e 1.º senhor da Covilhã, estando os seus restos mortais sepultados no Mosteiro da Batalha.

Havia nascido a 4 de março de 1394, no Porto.

Era um dos filhos de D. João I, fundador, em Portugal, da dinastia de Avis, e de sua esposa, Dona Filipa de Lencastre.

Fez parte da denominada Ínclita Geração, constituída pelos cinco filhos de D. João I que chegaram à idade adulta, notabilizando-se, cada um deles, por um elevado grau de sabedoria mercê da educação que a sua mãe procurou ministrar-lhes. Para além de D. Henrique, que viria a ser o impulsionador dos Descobrimentos portugueses, faziam ainda parte deste grupo o infante D. Duarte, que viria a ser o sucessor de D. João I no trono de Portugal; o viajado e cultíssimo Infante D. Pedro, conhecido, por Príncipe das Sete Partidas que desempenharia o cargo de regente de Afonso V de Portugal; o infante João que seria o avô de D. Manuel I de Portugal; Fernando, o Infante Santo, que morreria cativo em Fez e, por último, D. Isabel de Portugal, casada com Filipe III, Duque da Borgonha, considerada, por alguns historiadores, como a verdadeira governante daquela região da França.

Em 1414, D. Henrique convence o pai a conquistar Ceuta, no norte de África, cidade muito importante para o controlo das rotas comerciais marítimas entre o oceano Atlântico e o levante. A cidade viria a cair nas mãos dos portugueses no ano seguinte, tendo D. Henrique sido armado cavaleiro no local e recebido os títulos de Senhor da Covilhã e duque de Viseu. Em 1416, ser-lhe-ia entregue o governo desta praça-forte africana.

Em 1418, acompanhado do seu irmão D. João, D. Henrique levanta um cerco que os muçulmanos haviam imposto à cidade de Ceuta, na tentativa de a reconquistarem.

No ano seguinte, D. Henrique já era detentor de uma armada que protegia os interesses de Portugal na navegação do estreito de Gibraltar. Alguns dos marinheiros desses barcos seriam, mais tarde, utilizados por este nas navegações atlânticas.

O arquipélago da Madeira já seria conhecido dos portugueses desde o século XIV mas a sua posse efetiva só é realizada entre 1419 e 1420, por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, homens de confiança de D. Henrique. Portugal sofria, nessa época, de uma grande falta de cereais. O seu cultivo nestas ilhas ajudou a combater a fome que grassava entre os continentais.

A administração das vastas riquezas patrimoniais da Ordem de Cristo, herdeira da Ordem dos Templários, é, em 1420, entregue a D. Henrique que as utiliza no desenvolvimento das artes de navegação e na construção dos navios que seriam usados na exploração do oceano Atlântico.

Em 1427, os seus navegadores descobrem as primeiras ilhas dos Açores, na altura desabitadas, que são povoadas por portugueses.

O rei D. Duarte I, que entretanto recebera, em 1433, o trono de Portugal por morte do seu pai D. João I, doa ao seu irmão D. Henrique o Arquipélago dos Açores.

Os europeus apenas conheciam a costa do norte de África até ao cabo Bojador. Gil Eanes ultrapassa-o em 1434.

Nesta época, surgem as Caravelas, embarcações que haveriam de desempenhar um papel decisivo nas futuras navegações.

Em 1437, Portugal envolve-se na fracassada conquista de Tânger, tendo D. Fernando, irmão de D. Henrique, ficado prisioneiro dos Muçulmanos como garantia da devolução de Ceuta, que, por nunca ter sido concretizada, leva a que o infante D. Fernando acabe por morrer cativo em Fez, após ter suportado estoicamente sucessivos maus tratos que lhe valeram ser considerado Santo.

Nuno Tristão e Antão Gonçalves atingem, em 1441, o cabo Bojador. A Baía de Arguim é alcançada em 1443, tendo, no local, sido construída uma feitoria em 1448.

Dinis Dias navega até à foz do rio Senegal e dobra o cabo Verde em 1444.

Em 1452, chegava tanto ouro da costa africana a Portugal que foram cunhados os primeiros cruzados nesse metal.

Na década de 1450, os navegadores portugueses descobrem o arquipélago de Cabo Verde.

Passados mais dez anos, aquando da morte do Infante D. Henrique, a costa africana estava já explorada até à região onde hoje se situa a Serra Leoa.

Notas

1 Alguns historiadores consideram que não existiu uma Escola Náutica em Sagres.

É inconcebível pensar que os navegadores partiram para as viagens marítimas “por mares nunca dantes navegados” sem primeiramente se terem reunido naquele promontório ou em qualquer outro lugar para projetar essas viagens. É também inconcebível que o Infante D. Henrique não tenha reunido todo o conhecimento náutico existente na sua época, disponibilizando esses dados aos seus navegadores. Talvez, na verdade, essas reuniões não tivessem constituído uma Escola Náutica formal, mas funcionaram como tal.

Apoiamos totalmente a opinião do nosso leitor José Coutinho, quando, num comentário a este artigo, afirma no Facebook: «Sócrates formalmente não fundou escola nenhuma de filosofia, mas foi com as suas palestras e com os seus métodos de ensino que foram forjados Platão, Aristóteles e muitos outros».

De igual modo, o Infante D. Henrique poderá não ter fundado uma Escola Náutica formal mas foi graças aos conhecimentos por ele reunidos e à sua perseverança que foram «forjados» navegadores que «deram novos mundos ao mundo».

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