
D. Afonso Henriques havia transformado o Condado Portucalense numa entidade independente – o Reino de Portugal - prestando vassalagem apenas ao Papa.
Os primeiros reis de Portugal viram-se obrigados a dar grandes privilégios ao Clero para não perderem a proteção papal.
D. Sancho II (1223-1245), quarto Rei de Portugal, sobe ao trono apenas com treze anos de idade. Dada a juventude do novo monarca, o governo do reino esteve primeiramente a cargo de ricos-homens que procuraram regularizar as relações com a Igreja que se haviam deteriorado no tempo de D. Afonso II, tendo sido elaborada uma concórdia para pôr um fim aos litígios existentes.
Assim que D. Sancho II toma a seu cargo a administração do País, concede forais a diversas povoações e retoma, com sucesso, a expansão territorial do País para sul, com a ajuda da Ordem Militar de Sant'Iago, a quem entrega a administração de diversas povoações, tais como Sesimbra, Aljustrel, Mértola, Aiamonte e Tavira.
O papado fica, certamente, bastante satisfeito com a entrega daquelas povoações à Ordem de Sant'Iago mas posteriores comportamentos de D. Sancho II já não foram tanto do seu agrado.
D. Sancho II teve dificuldades em intervir nas frequentes lutas entre os homens da Igreja e os ricos-homens, agravadas pelas queixas apresentadas pelas ordens monásticas contra atos praticados pela nobreza que interferiam nos seus interesses.
D. Sancho II tenta impor o seu domínio sobre a cidade do Porto, nas mãos do bispo Martinho Rodrigues. Este queixa-se ao papa, alegando que o rei pretendia usurpar o seu direito de jurisdição sobre a cidade. Por outro lado, o bispo de Lisboa acusa o rei de ofender as liberdades religiosas. Inicialmente, o Papa limita-se a admoestar D. Sancho II.
No concílio de Lião, prelados e nobres portugueses descrevem que o rei português é incapaz de colocar ordem no reino, pelo que deveria ser deposto.
A 24 de julho de 1245, a Bula Grandi non immerito depõe oficialmente Sancho II do governo do reino, assumindo o seu irmão, futuro Afonso III, a regência.
Todos estes factos demonstram que Portugal não era plenamente independente pois a vassalagem a que ficara obrigado perante a Igreja era avassaladora.
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