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EFEMÉRIDES

Aconteceu a 22 de fevereiro de 1913



Morte do linguista Ferdinand de Saussure

A 22 de fevereiro de 1913, morre, em Vufflens-le-Château, o professor suíço Ferdinand de Saussure, cujos trabalhos de investigação permitiram o estabelecimento da linguística como ciência.

Saussure havia nascido em Genebra, a 26 de novemvro de 1857.

Faz os seus primeiros estudos no colégio de Hafwyl, perto de Berna.

Em 1870, entra para o Instituto Marline, onde complementa os conhecimentos que já detinha de francês, inglês e alemão com o estudo da língua grega.

Em 1872, termina um manuscrito intitulado Essai sur les langues.

Dois anos depois, começa a estudar o sânscrito.

Em virtude de ser oriundo de uma família com elevada cultura científica, inicia, em 1875, os seus estudos universitários na área das ciências exatas.

Após dois semestres, abandona área, prosseguindo estudos linguísticos em Leipzig, Berlim e Paris.

Em 1877, antes de perfazer vinte anos de idade, já Saussure criava notoriedade apresentando à Société de Linguistique de Paris uma memória sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas indo-europeias.

Aos vinte e dois anos de idade, apresenta, em Leipzig, como tese de doutoramento, um estudo sobre o emprego do genitivo absoluto em sânscrito.

Inicia, então, a carreira de professor universitário, lecionando primeiramente a cadeira de Gramática Comparada na Escola de Altos Estudos de Paris (1881-1891) e, posteriormente, na Universidade de Genebra, as cadeiras de Linguística Indo-europeia e Sânscrito (1891-1906) e Linguística (1906-1012).

Insatisfeito com explicações linguísticas parciais, tenta, durante largos anos, estabelecer princípios metodológicos coerentes, considerando-os, no entanto, sempre prematuros, razão pela qual nunca os comunica oficialmente.

Em 1915, dois anos após a morte de Saussure, os seus discípulos Charles Bally e Albert Séchehaye publicam um apanhado de três cursos que este havia ministrado no âmbito da cadeira de Linguística, atribuíndo-lhe o título Cours de Linguistique Générale.

Alguns dados sobre a sua obra

A língua e a fala

A linguagem é uma faculdade humana que torna possível a produção social de sistemas de signos que servem para comunicar: as línguas.

O sistema linguístico é um fenómeno social que deve ser estudado na sua estrutura, abstraindo todas as relações históricas.

A fala, como ato individual de utilização da língua num contexto particular, não é o objeto da linguística.

[...] a língua é necessária para que a fala seja inteligível e produza todos os seus efeitos; mas esta é necessária para que a língua se estabeleça; historicamente, a fala precede sempre. Como seríamos capazes de associar uma ideia a uma imagem verbal se antes não tivéssemos surpreendido uma associação num ato de fala? Por outro lado, é ouvindo os outros que aprendemos a nossa língua materna; ela só se instala no sosso cérebro após inúmeras experiências. Por último, é a fala que faz evoluir a língua: são as impressões recebidas ao ouvirmos os outros que modificam os nossos hábitos linguísticos. Há, portanto, interdependência da língua e da fala; aquela é, ao mesmo tempo, o instrumento e o produto desta. Mas tudo isto não as impede de serem duas coisas absolutamente diferentes.

[ Curso de Linguística Geral, Editorial D.Quixote, 7ª Edição, Janeiro de 1995, pp.48 e 49 ]

Signo, significado e significante

Chamamos signo à combinação do conceito e da imagem acústica [...] Propomos manter a palavra signo para designar o total e substituir conceito e imagem acústica respetivamente por significado e significante.

[ Curso de Linguística Geral, Editorial D.Quixote, 7ª Edição, Janeiro de 1995, pp.123 e 124 ]

Sincronia e Diacronia

Saussurre dividiu em duas vertentes o estudo da linguagem: a sincrónica, que se limita a examinar uma linguagem particular num determinado período da sua existência (por exemplo, o português atual) e a diacrónica, que aborda o estudo histórico do desenvolvimento da linguagem (por exemplo, a evolução do português medieval até aos nossos dias).

Na prática, um estudo da língua não é um ponto, mas um espaço de tempo, mais ou menos longo, durante o qual a quantidade de modificações ocorridas é mínima. Podem ser dez anos, uma geração, um século, mesmo mais. Por vezes, uma língua evolui lentamente durante um longo intervalo e, em seguida, sofre transformações consideráveis em poucos anos. De duas línguas coexistentes num mesmo período, uma pode evoluir muito e outra quase nada; no segundo caso, o estudo será necessariamente sincrónico, no outro diacrónico.

[ Curso de Linguística Geral, Editorial D.Quixote, 7ª Edição, Janeiro de 1995, p.174 ]

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LINGUÍSTICA

Estamos a reunir, num único local, os artigos sobre Linguística que têm vindo a ser publicados, com regularidade, no âmbito das Efemérides.




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