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EFEMÉRIDES

Aconteceu a 20 de janeiro de 1554



Nascimento de D. Sebastião, Rei de Portugal

O rei português D. João III teve 9 filhos, mas apenas dois chegaram à adolescência: Maria Manuela, Princesa de Portugal, casada com Filipe II de Espanha e João Manuel, Príncipe de Portugal, casado com Joana da Áustria.

Como o trono passava sempre para os filhos varões, mesmo que estes tivessem irmãs mais velhas, caberia a João Manuel ascender ao trono de Portugal por morte de seu pai, D. João III.

Infelizmente, João Manuel morre a 2 de janeiro de 1554, quando o seu filho Sebastião ainda se encontrava no ventre de sua mãe.

Se este não chegasse a nascer, deixaria de haver um sucessor direto ao trono de Portugal, passando este para as mãos de Filipe II de Espanha, marido de Maria Manuela de Portugal, nos termos do contrato de casamento celebrado entre ambos.

Por esse motivo, era desejável que o parto do neto de D. João III corresse bem, o que de facto veio a acontecer, a 20 de janeiro de 1554. É por esta razão que D. Sebastião, futuro rei de Portugal, foi cognominado “O Desejado”.

Com a morte de seu avô, ocorrida a 11 de junho de 1557, D. Sebastião ascende ao trono de Portugal com apenas três anos de idade, passando a regência a ser desempenhada primeiro por sua avó D. Catarina de Áustria e, mais tarde, pelo seu tio-avô, o cardeal Henrique de Portugal.

Durante este período, Portugal adquire Macau (1557) e Damão (1559), tendo parado a sua expansão territorial para se dedicar á preservação, fortalecimento e defesa dos domínios que havia conquistado até então.

Aos 14 anos de idade, D. Sebastião assume a governação de País.

As ameaças exercidas por piratas, tanto nas costas dos territórios ultramarinos como nas rotas marítimas para o Brasil e para o Oriente, conjugadas com os ataques que os Muçulmanos realizavam sobre as possessões em Marrocos, como, por exemplo, em Mazagão (1562), levam D. Sebastião, apesar da sua falta de experiência, a tentar retomar as glórias do passado, começando por melhorar a presença militar portuguesa no norte atlântico de África, construindo ou restaurando fortalezas ao longo do litoral.

A sua primeira ação, porém, ser-lhe-ia fatal: imbuído de um espírito de cruzada, decide apoiar Mulei Mohammed, quarto sultão do Sultanato Saadiano do Magrebe a recuperar o trono. Reúne nobres e recruta soldados, constituindo um exército que, a 4 de agosto de 1578, enfrenta, em Alcácer-Quibir, uma poderosa força muçulmana, tendo, nesta peleja, desaparecido no campo de batalha.

Não tendo D. Sebastião deixado descendência, o seu desaparecimento originou um enorme problema dinástico em Portugal.

Filipe II de Espanha, na sua qualidade de neto de D. Manuel I, considera-se com direito ao trono de Portugal.

Para além deste rei, diversos outros candidatos se perfilavam para ascender ao trono lusitano, nomeadamente D. António, Prior do Crato (1531 –1595), igualmente neto de D. Manuel I, em virtude de ser filho natural do infante D. Luís.

Filipe II de Espanha envia a Portugal tropas comandadas pelo duque de Alba, vencendo as forças de D. António Prior do Crato na batalha de Alcântara.

O desaire das forças portuguesas abre o caminho para que, em 1581, o rei de Espanha se torne igualmente rei de Portugal como Filipe I.

O facto de não ter aparecido o corpo do jovem rei português no campo em que se realizou a batalha de Alcácer-Quibir deu origem ao Sebastianismo, crença seguida pelos que acreditam que um dia D. Sebastião voltará para salvar o Reino de Portugal de todos os problemas desencadeados após o seu desaparecimento.

Várias pessoas se apresentaram alegando ser o desaparecido D. Sebastião, mas nenhuma delas conseguiu obter o trono de Portugal, embora algumas tenham apresentado provas relativamente convincentes.

Recentemente, alguns investigadores aludem à existência de documentação mencionando uma eventual entrega do corpo de D. Sebastião a Portugal por parte de Filipe II de Espanha, assim como da sua deposição no túmulo existente no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, propondo abri-lo para comparar o ADN das suas ossadas com as dos seus antepassados. Não querendo debater a veracidade ou falsidade desses documentos, convém, no entanto, lembrar que Filipe II tinha todo o interesse em acabar com o mito do eventual regresso de D. Sebastião que ofuscava a sua soberania sobre Portugal, pelo que, a ser verdadeira a entrega de um corpo e estando o mesmo efetivamente depositado no interior do túmulo atrás citado, temos muitas dúvidas que o mesmo pertença ao rei português. Aproveitamos para lembrar que, ao longo da história da Humanidade, muitos túmulos foram edificados a título simbólico, sem conter no seu interior nenhum corpo. No Panteão Nacional, por exemplo, existe um túmulo de Camões, mas os seus restos mortais, encontram-se, em princípio, no Mosteiro dos Jerónimos.

Pela sua relevância, este e outros assuntos referentes ao mito do sebastianismo, serão por nós abordados em artigo à parte, no âmbito da História e da Literatura.

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