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Nesta época, Karl Marx evolui de uma conceção humanístico-liberal para o socialismo comunista, sofrendo, então, a influência de Feuerbach. Em 1843, foi viver para Paris, acompanhado da sua mulher Jenny von Westphalen. Nesta cidade, conjuntamente com Ruge, publicou Os Anais Franco-Alemães ( Deutsch-französische Jahrbücher), uma síntese do radicalismo filosófico alemão e da experiência democrática francesa. Em 1845, expulso pelo governo de Guizot, desloca-se para Bruxelas. Engels, com quem travara conhecimento em Paris, ajuda-o financeiramente e acabam por realizar juntos uma viagem a Inglaterra. Karl Marx entra em contacto com a realidade económica inglesa e enceta, junto da Associação dos Operários Alemães radicados em Londres, cuja a situação de exploração pelo patronato era degradante, uma tenaz luta de propaganda e de agitação, criando comissões de ligação com outras organizações operárias europeias. Em 1847, a Liga dos Justos realiza um congresso em Londres. A divisa por estes proposta «Todos os homens são irmãos» é substituída, por influência de Karl Marx, em «Proletários de todos os países, uni-vos», já que, segundo ele próprio referenciou na altura, «existe uma infinidade de homens dos quais de maneira nenhuma me sinto irmão». Em Fevereiro de 1848, publica, conjuntamente com Hegel, o Manifesto do Partido Comunista. A 3 de Março do mesmo ano é expulso da Bélgica. Numa altura em que as agitações revolucionárias começavam a alastrar pela Alemanha, fixa residência na cidade de Colónia, onde passa a exercer o cargo de Diretor da Nova Gazeta (Neue Rheinische Zeitung). O triunfo da contrarrevolução na Prússia obriga-o a deixar a Alemanha. Após breve passagem por Paris, é expulso pela polícia francesa. Resta-lhe refugiar-se em Londres e, mais tarde, em Manchester, onde, sem recursos, cai na mais profunda miséria. Em 1863, uma pequena herança permite-lhe sobreviver. Em 1867, publicou o primeiro volume de sua obra mais importante: O Capital.

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EXTRACTOS

O presente extrato do Manifesto publicado em 1848 por Karl Marx e Friedrich Engels tem por intuito dar a conhecer uma breve passagem da obra do biografado, constituindo, simultaneamente, um incentivo para uma leitura mais extensa.


MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA

I - Burgueses e Proletários

A história de toda a sociedade até aos nossos dias (*) mais não é do que a história da luta de classes.

(*) Ou mais exatamente a história escrita. Em 1847 a história da organização social que precedeu toda a história escrita, a pré-história, era quase desconhecida. Depois, Haxthausen descobriu, na Rússia, a propriedade comum da terra. Maurer demonstrou que ela é a base social donde saem historicamente todas as tribos alemães, e descobriu-se, pouco a pouco, que a comuna rural, com posse coletiva de terra, foi a forma primitiva da sociedade desde as Índias até à Irlanda. Finalmente a estrutura desta sociedade comunista primitiva pôs a nu o que ela tem de típico graças à descoberta decisiva de Morgan que deu a conhecer a natureza verdadeira da «gens» e o seu lugar na tribo. Com a dissolução destas comunidades primitivas começa a divisão da sociedade em classes distintas e, definitivamente, opostas (Nota de Hegels)

Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre-artesão e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, travaram uma guerra contínua, ora aberta, ora dissimulada, uma guerra que acabava sempre ou por uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou pela destruição das duas classes em luta.

Nas primeiras épocas históricas, constatamos quase por toda a parte, uma organização complexa da sociedade em várias classes, uma escala hierarquizada de condições sociais. Na antiga Roma, encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na idade Média, senhores, vassalos, mestres, companheiros, servos, e, além disso, dentro de cada uma dessas classes, uma hierarquia particular.

A sociedade burguesa moderna, gerada nas ruínas da sociedade feudal não aboliu os antagonismos de classes. Ela não fez mais do que substituir por novas classes, por novas condições de opressão e novas formas de lutas que existiram outrora.

No entanto, o carácter distintivo da nossa época, da época da burguesia, é o de ter simplificado os antagonismos de classes. Cada vez mais a sociedade se divide em dois vastos campos inimigos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.

Dos servos da Idade Média, nasceram os burgueses das primeiras comunas; desta população dos burgos saíram os primeiros elementos da burguesia.

A descoberta da América e a circum-navegação da África ofereceram à burguesia nascente um novo campo de ação. Os mercados da Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram um impulso, desconhecido até então, ao comércio, à indústria, à navegação, e, por conseguinte, desenvolveram rapidamente o elemento revolucionário da sociedade feudal em decomposição.

A antiga organização feudal da indústria, em que esta era circunscrita a corporações fechadas, já não podia satisfazer às necessidades que cresciam com a abertura de novos mercados. A manufatura a substituiu. A pequena burguesia industrial suplantou os mestres das corporações; a divisão do trabalho entre as diferentes corporações desapareceu diante da divisão do trabalho dentro da própria oficina.

Todavia, os mercados ampliavam-se cada vez mais: a procura de mercadorias aumentava sempre. A própria manufatura tornou-se insuficiente; então, o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. A grande indústria moderna suplantou a manufatura; a média burguesia manufatureira cedeu lugar aos milionários da indústria, aos chefes de verdadeiros exércitos industriais, aos burgueses modernos.

A grande indústria criou o mercado mundial preparado pela descoberta da América: O mercado mundial acelerou prodigiosamente o desenvolvimento do comércio, da navegação e dos meios de comunicação por terra. Este desenvolvimento reagiu por sua vez sobre a extensão da indústria; e, à medida que a indústria, o comércio, a navegação, as vias férreas se desenvolviam, crescia a burguesia, multiplicando seus capitais e relegando a segundo plano as classes legadas pela Idade Média.

Vemos, pois, que a própria burguesia moderna é o produto de um longo processo de desenvolvimento, de uma série de revoluções no modo de produção e de troca.

[...]

Extraído do Manifesto do Partido Comunista, Marx - Engels, Coimbra, Editorial Centelha, 1974, pp 22 a 25

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