Sara Afonso (1899-1987)
Pintora e ilustradora portuguesa teve uma participação impar na vida artística dos
anos trinta, embora se não possa dissociar a sua vida da do seu marido, José de
Almada Negreiros. Sara, nasceu em Lisboa numa família burguesa, filha de um oficial
do Exército e de Alexandrina Gomes Afonso. Passou a infância no Minho, que a viria a
inspirar em temas populares de grande beleza e ingenuidade. Em 1924, ainda solteira,
partiu sozinha para Paris, depois de ter tido lições com o pintor Columbano Bordalo
Pinheiro. Paris foi uma experiência determinante, então também a cidade de Picasso e
Hemingway. Ali expôs com sucesso no Salon d'Automne. Regressou a Portugal e, à sua
custa, voltou para Paris entre 1928 e 1929, trabalhando no
atelier de uma modista fazendo croquis de moda, gosto que lhe ficou, tendo
colaboraria mais tarde com desenhos de moda para revistas portuguesas. Sara Afonso
de regresso a Lisboa seria a primeira mulher a frequentar o café A Brasileira do
Chiado, então exclusiva do sexo masculino. Contemporânea de Bernardo e Ofélia
Marques, Carlos Botelho e outros. Era previsível que havia de casar com um pintor.
Participou no primeiro Salão de Artistas Independentes em 1930. Casou aos 35 anos
com José de Almada Negreiros. Sara Afonso conciliou a sua vida de mãe de família e
de pintora. Fez uma exposição individual, em 1939 e participou na Exposição do Mundo
Português, em 1940. Em 1944 recebeu o Prémio Sousa Cardoso. Em 1953 integrou a
delegação portuguesa à Bienal de São Paulo. Não deixou de pintar até quase ao fim
dos seus dias. Fez retrospectivas dos seus trabalhos em 1953, 1962, 1975 e 1980.
Sara Afonso dedicou especial atenção às festas populares e às tradições portuguesas em
cores doces e luminosas. Por ocasião do centenário do seu nascimento, em 1999,
realizaram-se exposições comemorativas em Viana do Castelo e Porto.
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