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EFEMÉRIDES

Aconteceu a 13 de abril de 1846



Inauguração do Teatro Nacional D. Maria II

Para festejar o aniversário de «Sua Majestade, a Rainha», a 13 de abril de 1846, é inaugurado, em Lisboa, o Teatro Nacional D. Maria II, apresentando nessa noite a peça Álvaro Gonçalves, O Magriço e Os Doze de Inglaterra.

In Revista Universal Lisbonense n.º 43, de 16-04-1846, p. 514 (artigo 532)

Álvaro Gonçalves, O Magriço e Os Doze de Inglaterra é uma história semilendária que valoriza a honra subjacente ao ideal cavaleiresco praticado pelos portugueses durante a Idade Média.

Camões, n’Os Lusíadas (canto I, estância 12) cita «Os Doze de Inglaterra e o seu Magriço»:

Embora não concordemos com algumas das críticas formuladas, transcrevemos, em português atual, o artigo sobre esta peça publicado na Revista Universal Lisbonense atrás citada.

«No dia 13, destinado para festejar o aniversário de Sua Majestade a Rainha, começaram as representações regulares no teatro de D. Maria II.

A peça que se deu nesta noite foi Álvaro Gonçalves, o Magriço, ou Os Doze de Inglaterra. É uma tradição das mais vistosas e agradáveis da nossa história. O pensamento de reduzir a drama esta tradição é muito digna de louvor: e o facto de que um drama tão próprio a exaltar os brios nacionais, e lisonjeiro para peitos portugueses, fosse escolhido para uma representação por tantas circunstâncias memorável, é igualmente digno de apreço.

O espetáculo assim considerado merece elogios em todas as suas partes; olhado, porém, com vistas artísticas é outra coisa. Não sei qual destes pontos deveria neste caso ter a preferência: é uma questão em que não entro, porque nunca vou aonde não sou chamado.

Todas as boas qualidades da peça, os seus excelentes documentos, grande mérito histórico, bons discursos e belos pensamentos, não podem fazer dela um drama que se possa chamar drama. A ação principal do Magriço, e porque ele ficou imortalizado nos versos de Camões; a única tradicional, e que no título da peça figura com efeito como assunto dela, está todavia reduzida a um episódio, que sim preenche todo um ato (o 4.º) mas que existindo ou deixando de existir nada acrescenta nem diminui a nenhum dos outros atos a que é inteiramente estranho. Ora os amores do Magriço com Beatriz, que são, ou foram destinados a ser, o drama, não preenchem, pelo modo porque são conduzidos, as exigências da arte.

Expondo francamente a minha opinião artística sobre esta peça, sustento, com a mesma franqueza, que em tudo o mais a acho de mérito muito superior.

A execução não foi tão completamente boa como seria de desejar.»

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