
A 15 de fevereiro de 1925, é constituído o 36º governo republicano, chefiado por Vitorino Máximo de Carvalho Guimarães (1876-1957), do Partido Republicano Português.
Durará apenas 136 dias. Na votação do governo, realizada a 18 de fevereiro, os 18 deputados nacionalistas1 abandonam a Câmara dos Deputados, tendo o governo passado, por 63-3.
Sobre este acontecimento, o jornal O Primeiro de Janeiro de 22 de fevereiro de 1925 escreve:
«Para alongar as discursatas não foi preciso a comparência dos nacionalistas1, bastando a contenda entre os membros da maioria, ainda consequências de palavras impróprias e de situações inconvenientes. Enfim, foi dado um voto de confiança ao sr. Vitorino Guimarães, para que realize uma obra útil ao País e à República. Uma grande parte dos seus correligionários indicou-lhe que a sua ação não tem de ser esquerdista nem direitista, mas unicamente republicana e patriótica, em conformidade com o programa partidário. Assim é que está certo».
In O Primeiro de Janeiro nº 45, de 22-02-1925, 57º ano de publicação, p.3
A sucessão de inúmeros governos durante a 1ª República e a falta de interesse que a sua ação despertava junto da maioria dos portugueses2 relegava para segundo plano jornalístico os atos ocorridos na Câmara de Deputados, pelo que a aprovação dos programas do governo não constituía um assunto para as primeiras páginas dos jornais.
1 O Partido Republicano Nacionalista (PRN) foi fundado em 1923, pela união do Partido Republicano Liberal com o Partido Republicano da Reconstituição Nacional.
Pretendia formar um grande partido das «direitas republicanas» que quebrasse a hegemonia do Partido Republicano Português.
Obteve, porém, resultados eleitorais pouco expressivos.
Apoiou entusiasticamente o golpe militar de «28 de Maio de 1926», que daria origem ao Estado Novo, mas, à semelhança dos outros partidos republicanos, teve dificuldade em adaptar-se às condições da ditadura, tendo sido extinto em 1935.
Fonte: O Partido Republicano Nacionalista em Évora, (1923-1935) — ideologia, política regional, organização interna e elites, Manuel Baiôa, Análise Social, vol. XLI (178), 2006, 99-123
2 Grande parte dos portugueses desconhecia a ação desenvolvida pelos sucessivos governos, em virtude dos únicos meios de comunicação social serem os jornais* e estes estarem apenas acessíveis à escassa franja da população que sabia ler.
* Na altura, as emissões de rádio davam, ainda, os primeiros passos: em 1919, fora instalado, na serra do Monsanto, em Lisboa, um posto emissor que fez a primeira emissão portuguesa com palavras e música; em 1923, surgira, no Porto, a rádio O.R.S.E.C. – Oficinas de Rádio, Som, Eletricidade e Cinema e apenas no decorrer de 1925 aparecerá, em Lisboa, as emissoras CT1 AA e a rádio Condes.
Fonte: História da Rádio em Portugal
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