
A 4 de fevereiro de 1799, nasce, no Porto, João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, escritor e dramaturgo romântico.
Grande impulsionador do teatro em Portugal, para além de ter proposto a edificação do Teatro Nacional D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática, deixou-nos obras imortais como Frei Luís de Sousa, Viagens na Minha Terra e O Alfageme de Santarém.
Na última fase da sua vida publicou Flores sem Fruto e Folhas Caídas, duas coletâneas de poesias que introduziram na literatura portuguesa uma espontaneidade e uma simplicidade até então praticamente desconhecida.
Foi, ainda, um exímio orador, tendo sido nomeado Par do Reino e secretário de Estado honorário.
Faleceu em Lisboa, a 9 de dezembro de 1854.
Transcrevemos, de Folhas Caídas, dois dos seus poemas mais conhecidos: Olhos Negros e Barca Bela
Por teus olhos negros, negros,
Trago eu negro o coração,
De tanto pedir-lhe amores...
E eles a dizer que não.
E mais não quero outros olhos,
Negros, negros como são;
Que os azúis dão muita esp'rança,
Mas fiar-me eu neles, não.
Só negros, negros os quero;
Que, em lhes chegando a paixão,
Se um dia disserem sim...
Nunca mais dizem que não.
Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?
Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!
Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Oh pescador!
Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela,
Só de vê-la,
Oh pescador.
Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela
Oh pescador!
Estamos a reunir, num único local, os artigos sobre Literatura que têm vindo a ser publicados, com regularidade, no âmbito das Efemérides.